sábado, 31 de março de 2012

Sobre o Pink Floyd

   Querido amigo,

    Não vou procrastinar com você, mas me deu vontade de falar desse tema, vulgo, em moda. O tal do Pink Floyd! Eu não vou me dar ao "trabalho" de escrever nenhuma "biografia" detalhada  sobre a banda ou seus integrantes, pois esse é um trabalho que não me cabe, aliás, me atrevo a dizer que não cabe a a nenhum fã. Afinal, só os próprios integrantes sabem como foi o processo (que eu costumeiramente gosto de chamar de Parto) de criação e concepção, não apenas dos álbuns, mas também de como seria a estrutura dos shows.    
    Fora o fato de que conviver com pessoas "geniais" deve ser algo difícil, com todos os seus ataques, crises, problemas pessoais e afins.
   Eis ai , algo comum a todos os nossos ídolos, todos eles eram homens problemáticos. Mas eis ai o ponto (diria crucial) que define e diferencia o nosso Roger Waters de artistas como Kurt Cobain ou Ian Curtis. O Roger Waters foi o Homem que transformou toda a sua verborragia em pura Arte Conceitual, transformou toda uma maneira de se fazer música ( fusão de elementos de outras vertentes , além de efeitos externos) e a forma em que ela é apresentada. Não apenas chorou as suas dores, como vemos eventualmente. Não estou aqui para desmerecer tais artistas, mas creio eu que, dificilmente, uma banda construirá um legado como o do Pink Floyd. Nós temos o nosso querido Alex Turner que mostrou abertamente essa influência em The Age Of The Understatement. Todos nós sabemos, ele falha, mas o seu erro é louvável, alias, diria belo.
   Como eu já disse anteriormente, não é justo ficar me alongando aqui com você, mas algumas de minhas reflexões me vem de maneira tão intensa, que me vejo impelida a escrever essas humildes palavras.






   Apesar de muito jovem ( tenho apenas 20 anos), para mim o Pink Floyd tem sim, uma conotação muito nostálgica. Eu me lembro claramente de quando eu devia ter 6 ou 7 anos e estar deitada no tapete da sala, com folhas de papel e lápis de cor e ver o meu pai colocar o cd Division Bell no rádio, sentar no sofá e ler O Siciliano de Mario Puzo. Lembro-me de ouvir aqueles sons e palavras que eu mal podia compreender, morrer dentro do meu ouvido ao mesmo tempo que viraram um fluxo controverso em minha imaginação, e eu começar a desenhar freneticamente, coisas que eu nem sei bem se faziam ou não sentido.
   É isso que me vem a mente quando eu penso em Pink Floyd. Eu me lembro da minha infância, onde eu não podia assistir novelas e o jornal, e onde eu vivia reclusa dentro de um universo que eu havia criado a partir de livros e música, e o Pink Floyd nada mais era do que um motor para uma imaginação de criança, onde eu podia viajar a desenhar paisagens, lugares e personagens de historias que eu havia lido,e que eu não sei bem como me vinham a mente, e em sua maioria, confesso, filhos de Calvino, eu que mais tarde, aos 9 anos abandonaria, admito, para mergulhar no mundo de Jo Rowling.
    Lógico, na adolescência eu voltei ( ou melhor, eu nunca parei de ouvir) o Pink Floyd, e é lógico também que ele passou a soar de um modo diferente. Mas o fato é que eu, por alguma razão nunca senti necessidade de procurar ler sobre a história deles, ou críticas a cerca dos álbuns, ou mesmo a tradução das músicas. Tudo aquilo já tinha um significado pra mim, já me dizia algo, e não havia referências , ou quadro histórico na minha cabeça, era apenas aquilo. Um sublime estado de espírito. Uma viajem psicodélica propriamente dito rs .
   Admito que foi melhor assim, hoje eu posso dizer que assimilo melhor a história, não apenas da banda, mas também dos álbuns. Acho que se há hoje um eu mais maduro (e eu nem sei se posso dizer que há) esse amadurecimento é filha da imersão de pensamentos, de divagações poéticas, das noites de sono embaladas por Ummagumma e Dark Side.
   E acredito que isso esteja faltando as pessoas. Um bom amigo uma vez me disse, que um cd, um livro, ou um filme deve ser degustado devagar, para que se possa compreender o que a sua essência significa para você.
   Hoje em dia o conhecer parece mais valoroso que o amar, aquela coisa do " me identifico"
   Eu não se você já passou por isso, mas sabe aquele momento em que se está discutindo (conversando) com um amigo sobre aquele cd, e sobre os mil e um significados e vertentes que você e ele identificaram, e de repente vocês estão lado a lado na rua, andando e cantando as canções que vocês mais amam, em coro. É mágico. Não se trata apenas de compartilhar um pensamento, mas um estado de espírito.
   É isso que eu creio encontrar no domingo.
   Uma energia que povoou meus pensamentos e sensações quando criança e que embalou as minhas crises de adolescente rs. Só espero não me perder em devaneios e não curtir o show da maneira correta, isso seria bem ridículo rs.
Bom , é isso .São só alguns pensamentos. E caso você não conhece a obra dos caras,eu vou tentar colocar aqui alguns álbuns depois, e ai você vae poder provar e viajar também rs.


Com amor,
O Austero.

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